Nos últimos anos, vários alimentos foram e têm sido alvo do terrorismo nutricional. Você já deve ter visto alguns “profissionais” ou influenciadores dizendo coisas como “ o ovo faz mal, devido ao rico teor de colesterol”, “ o leite é prejudicial”, generalizando sem distinguir casos específicos, como intolerância à lactose, “o pão engorda muito, é um grande vilão da saúde por conter carboidratos e glúten”, também “as massas fazem mal” , promovendo assim campanhas que classificam massas como específicas à saúde por serem ricas em carboidratos, induzindo as pessoas a evitá-las completamente, o que pode levar a um medo injustificado de consumir esse alimento tradicional. 

Buscar uma alimentação saudável vai além dessas soluções básicas, não está em quem é o “vilão” e quem é o “mocinho”. Os alimentos não são apenas fontes de nutrição; eles também têm um impacto social e cultural significativo. 

Portanto, uma alimentação saudável e equilibrada requer a consideração das necessidades individuais e a apreciação do alimento em sua totalidade, com o objetivo de promover o bem-estar físico e mental.

O que é o Terrorismo alimentar

O termo terrorismo alimentar foi criano nos anos 2000 por Gyorgy Scrinis, pesquisador e professor da Escola de Agricultura e Alimentos da Universidade de Melbourne, na Austrália.

Em seu livro Nutritionism: The Science and Politics of Dietary Advice (2013), Gyorgy Scrinis escreve sobre o conceito de “terrorismo alimentar” da seguinte maneira: “Essa noção de ‘terrorismo alimentar‘ às vezes é usada para descrever as táticas de corporações e agências reguladoras que instilam medo e confusão sobre quais alimentos são seguros ou nutritivos, geralmente para promover suas próprias agendas econômicas ou políticas.”

Em suas análises sobre a indústria alimentícia e as práticas de marketing, aborda o conceito de “terrorismo alimentar“, referindo-se às estratégias usadas por empresas e órgãos reguladores que distorcem a percepção pública sobre a nutrição. Amplamente referenciada por trazer à tona como a simplificação excessiva da nutrição e o foco em nutrientes individuais podem levar a uma abordagem equivocada e até prejudicial da alimentação.

O terrorismo alimentar, também conhecido como terrorismo nutricional, refere-se à maneira como os alimentos são classificados apenas por suas funções nutricionais e calóricas, sem considerar seu valor completo. Difundido amplamente pela mídia e nas redes sociais, esse aspecto gera medo e ansiedade em relação à alimentação, fazendo com que o simples ato de comer se torne uma fonte de culpa e estresse. As pessoas são levadas a acreditar que precisam evitar certos alimentos a todo custo, promovendo dietas extremamente restritivas e muitas vezes exigentes. 

 

Os riscos do Terrorismo alimentar

Os riscos do terrorismo alimentar incluem a criação de uma relação disfuncional com a comida, como dito acima, existem casos onde a pessoa é dominada pelo medo e culpa ao se alimentar.Isso pode levar a diversas doenças e distúrbios alimentares, como a bulimia, anorexia, compulsão alimentar e também a obsessão por dietas restritivas, e prejudicar a saúde mental, gerando estresse e ansiedade constantes. 

Além disso, ao seguir orientações baseadas em desinformação, as pessoas podem acabar fazendo escolhas alimentares desequilibradas, comprometendo sua nutrição e bem-estar geral. Por fim, essa prática também contribui para a perpetuação de mitos alimentares, dificultando o entendimento real sobre o que constitui uma dieta saudável e equilibrada.

A nutricionista Sophie Deram, doutoranda pela Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) e autora do livro *O Peso das Dietas*, apresenta uma nova abordagem para a nutrição. Com base em estudos científicos, ela demonstra que dietas restritivas, ao invés de ajudarem a emagrecer, acabam causando ganho de peso a longo prazo e prejudicando a saúde daqueles que adotam esses métodos radicais. A obra, publicada no Brasil em 2014 e na França em 2016, também oferece orientações para manter uma dieta saudável, simples e equilibrada, além de incluir dicas e receitas práticas para o dia a dia.


Como evitar o terrorismo alimentar

Para evitar o terrorismo alimentar e ter uma abordagem mais equilibrada em relação à alimentação, considere as seguintes dicas:

  1. Desconfie de Promessas Milagrosas:
    Evite dietas que prometem emagrecimento rápido ou saúde perfeita ao eliminar grupos alimentares inteiros. Dietas extremas, como aquelas com carboidratos extremamente baixos, podem criar uma visão distorcida do que é uma alimentação saudável, equilibrada e sustentável. Opte por estratégias de alimentação que incluam uma variedade de alimentos e enfoquem mudanças graduais e duradouras.
  2. Não Caia na Demonização de Alimentos:
    Seja cauteloso com propagandas ou campanhas que tratam certos alimentos, como pães, massas ou gorduras, como vilões absolutos. A ideia de que esses alimentos devem ser completamente evitados pode ser exagerada. Em vez disso, procure consumir esses alimentos com moderação e dentro de uma dieta equilibrada.
  3. Ignore Alertas Exagerados sobre Aditivos:
    A criação de pânico em torno de aditivos e conservantes alimentares comuns pode levar a uma aversão desnecessária a alimentos processados. A maioria dos aditivos é segura quando usada dentro dos limites estabelecidos pelas autoridades de saúde. Foque em uma alimentação diversificada e equilibrada, em vez de se preocupar excessivamente com ingredientes específicos.
  4. Cuidado com a Manipulação da Informação:
    Esteja atento às alegações de produtos que são rotulados como “naturais”, “sem açúcar” ou “low-fat”, pois nem sempre esses produtos são realmente mais saudáveis. Muitas vezes, esses produtos podem conter ingredientes que não são benéficos para a saúde. Sempre leia os rótulos e procure informações confiáveis sobre nutrição.

Seguindo essas orientações, você pode tomar decisões mais informadas sobre sua alimentação e evitar a influência de práticas de terrorismo nutricional.

 

Coma sem neura! 

É essencial refletir sobre a alimentação e reconhecer que todos os alimentos têm seu papel e importância. Podemos, sim, desfrutar de um chocolatinho após o almoço ou um pedaço de bolo em uma celebração, desde que nossa alimentação diária seja bem equilibrada e inclua todos os nutrientes necessários.

Para garantir uma alimentação saudável e abordagem personalizada e evitar dietas restritivas que possam ter efeitos negativos na saúde, é altamente recomendável buscar a orientação de um nutricionista. 

Profissionais especializados podem ajudar a criar um plano alimentar adaptado às suas necessidades individuais e objetivos de saúde. Não hesite em entrar em contato com um nutricionista para obter suporte e esclarecer suas dúvidas. Agende uma consulta e comece hoje a trilhar o caminho para uma alimentação saudável e equilibrada!

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